Diversidade & Inclusão no ambiente de trabalho

Sou bastante questionada sobre a necessidade/utilidade de trabalhar a Diversidade e Inclusão em determinadas empresas. 

Nesse texto trarei alguns pontos importantes para pensarmos, juntos, a respeito.

Esse tema já vem sendo trabalhado há alguns anos nas empresas, e a sociedade faz tempo que constatou que grupos como: LGBTQIA+, mulheres, negros/as, pessoas de diferentes gerações são deixados de lado – ou no debrau de baixo – das oportunidades. 

 

Mas pesquisas e estudos trouxeram, nos últimos anos, porque ter uma empresa diversa faz diferença nos dias de hoje: isso é um diferencial competitivo.

Existe um amplo estudo da Mckinsey & Company, feito em esfera de América Latina e Global, Outro estudo do ID_BR e da Deloitte mostraram as percepções e práticas sobre o tema na atualidade.

  

Um destaque a fazer, particularmente, foi na similaridade das empresas que apoiam e adotam práticas da diversidade: elas são as que mais se destacam em inovação e colaboração, e seus líderes são melhores em promover a confiança e o trabalho em equipe.

 

Portanto, para o pensamento estratégico, esse rico olhar, isto é, construído por vidas e experiências, vindas de regiões, descendências, e inclusive, opção e orientação sexual: tudo isso torna uma discussão mais rica para a empresa.

 

E bons frutos podem ser colhidos e mantidos. Aqui estamos falando de diversos pontos importantes:

 

  • saúde organizacional mais sólida, 
  • performance financeira superior à de seus concorrentes,
  • permanência superior no longo prazo,
  • felicidade do colaborador e no ambiente de trabalho,
  • retenção de talentos. 

 

Agora vou trazê-los para a realidade particular do Brasil, que mais uma vez, trabalharei para vocês em forma de tópicos.

 

Início

O Brasil foi uma colônia, recebendo milhares e milhares de escravos negros – que trouxe uma realidade de início que essas pessoas – mesmo depois da Lei Áurea, isto é 1888 – tiveram a vida já iniciada em um degrau abaixo social. 

A grande parte dessas pessoas, com toda certeza, tiveram menos condições de prover estudos para seus filhos e netos, mesmo sendo a maioria da população brasileira 55,5% (IBGE 2022).  

Por isso, temos como identificar que o racismo é estrutural no Brasil, nasceu desta época, e se perpetua até hoje. 

Mesmo que hoje a população negra e parda já se enxerga muito mais, se identifica do papel de atuante, de que sua cor não a define, e que pode sim usar um cabelo afro, com toda a simbologia: até pouco tempo cabelo liso era o único “aceito”. 

 

Mulheres

Mas, por tese, um país escravocrata não seria motivo para ter outros grupos minorizados, mas tem..  

O Brasil é, como muitos outros, um país paternalista, onde nós mulheres sempre fomos vistas como as que iriam prover filhos, e que cuidavam da casa. Colocando-nos também no degrau de baixo. 

Olhando os números é no mínimo estranho um país onde a maioria é feminina, 51,5% (IBGE, 2022) somos ainda tão desvalorizadas.

Sendo que os números já nos colocam muito em paridade como provedor do lar: 48% das casas brasileiras são sustentadas por mulheres.

Inclusive, na questão de pagamentos, em muitos lugares uma mulher e um homem na mesma função/cargo, chegam a receber salários muito discrepantes. 

Esse foi um avanço há muito pouco tempo barrado com a Lei 14.611/23 (ano passado!!)

A lei visa garantir a igualdade salarial entre homens e mulheres, ou seja, garantir que o salário e os critérios remuneratórios sejam os mesmos para ambos os sexos.

Essa disparidade chega a 22%. Veremos como será a aplicação e efetivada dela,pois é muito cedo para analisar. Vamos torcer para que esse absurdo acabe.

 

 

Opção e Orientação 

A explicação do degrau debaixo vale para o grupo LGBTQIA+ que por diferentes motivos já são colocados como a margem da sociedade, e muito dentro do que colocarei aqui para vocês como escopo social, isto é por convenções sociais de épocas onde ser único e diferente era proibido e “feio”. 

 

Só que estamos em uma sociedade viva, que muda, se adapta, e evolui. Para mim é lindo ver meus filhos já terem contato social, por exemplo, com jovens gays passeando de mãos dadas.Para eles, ali é só uma questão de namorados e normal na sociedade. quando na minha infância – década de 80 –  isso não era possível, e essa felicidade deles estava só no imaginário. 

 

Outras minorias 

Aqui não importa tanto a cronologia e sim como a nossa sociedade brasileira evoluiu, isto é a de que ignorância prevalece, no sentido de não conhecer e portanto não ser empático, com o deficiente físico, auditivo, idade, ou condição econômica.   

 

Lado B e Continuação

Sim, estamos em evolução, mas ainda não o suficiente para acompanhar as mudanças necessárias. Pois quantas pessoas dos grupos que mencionei viverão (e morrerão) ainda à margem social, com menos importância, não terão o devido cuidado, direitos garantidos, e o mais simples: não serão felizes! Você tem ideia desses números? São milhares de pessoas. 

 

Dessa forma agora com os estudos que mencionei, grandes stakeholders da economia não puderam mais negar a necessidade de um olhar para toda essa população do “degrau de baixo”, e primeiramente, não é por serem mais humanos e empáticos com suas questões, mas sim porque entenderam que podem se diferenciar por isso.

 

O tema Diversidade, Equidade e Inclusão, foi o grande propulsor de mudanças nas empresas nos últimos 5 anos. Mas, elas apareceram agora, pois se você analisa como elas se estruturaram, você pode identificar que são ações – mesmo aquelas que começaram pequenas – de empresas que há mais de uma década olham para isso. 

 

Dividir aqui com vocês  meu lado para a Diversidade, Equidade e Inclusão é sim de contentamento, de avanço, mas ao mesmo tempo é de luta.

Organizações da educação tem um dos meus maiores lugares nas paixões – junto com a causa da mulher – pois é um tema tão amplo e com tanta pluralidade que foi difícil escrever esse texto, afinal sou branca, de classe média alta, escolarizada: tenho o “privilégio” da desigualdade ao meu lado, escuto de muitos dos meus amigos que estamos em uma fase do “mi mi mi” “onde não se pode falar mais nada”, “onde o que importa é a linguagem neutra”, “não se consegue contratar negros/as” olho a todos com empatia e tristeza, ao mesmo tempo, pois para quem sou hoje, esse é muito um lugar de não querer enxergar a vida como ela é! O Brasil como somos! E optar por não sair da zona de conforto (lembrando que isso é difícil para todos, independente de raça, minoria, opção, gênero, etc)

 

Mas não posso esquecer também que sou mulher, sou mãe, e tenho +40!  Já sei um pouco        

dos percalços de onde a não-inclusão me doeu, e não quero isso para meus filhos e próximas gerações. E você quer?