Mercado de Carbono
abril 3, 2024
Já são termos que ouvimos: Compensação de carbono, Net Zero, carbono neutro.
Dá, é claro, para imaginar que estamos tratando da poluição do planeta, e dos altíssimos riscos que isso nos coloca.
Mas como foi possível criar-se um mercado a partir dessa realidade, essa é a questão!
E isso é bom para nós?
Vamos entender cada sigla:
GEE
Sabemos que em grande parte das nossas ações, na atualidade, estamos gerando poluição, seja como pessoa ou empresa governo, mas dependendo do setor que atuam geram uma quantidade imensa de GEE (Gás de Efeito Estufa) que é o principal descompensador do ar que respiramos e de outros efeitos como mudanças climáticas, tão sérios e urgentes nos dias de hoje.
FONTES DE EMISSÃO
Vamos entender um pouco mais como produzimos esses gases:
Eles produzem substâncias que podem absorver a radiação infravermelha refletida pelo nosso planeta após absorção da luz solar. E ao falarmos disso é sobre o aumento da temperatura da superfície da Terra que queremos dizer.
Veja alguns exemplos que nos competem e outros que são relativos a setores industriais:
- Transporte – responde por 13,8% das emissões brasileiras. É o setor mais relevante na emissão por queima de combustíveis.
A questão aqui é que temos o etanol e o biodiesel, que já são de alta abrangência no país, e mesmo assim ainda emitimos muito gás, por usar combustíveis fósseis.
E se formos além, com os veículos elétricos ou movidos por células de hidrogênio podemos realmente mudar esse quadro.
- O desmatamento – é responsável por 26,7% das emissões de GEE.
Acho que é fácil imaginar que o nosso grande polo de risco é na Amazônia, certo?
Lá acontece 14,1% das emissões nacionais.
Alguns setores são mais responsáveis por essas emissões do que outros.
Mas mesmo empresas como a mineração, e de infraestrutura, como a construção de rodovias, ferrovias, de barragens e hidroelétricas, para tudo isso, é necessário desmatar muito, certo?
O desmatamento é de longe nosso principal caso a resolver, pode-se ver que é mais que o dobro que o transporte.
- Termelétricas a combustíveis fósseis
O setor energético contribui, no Brasil, com 4,8% das emissões.
Não é novidade que nossa matriz energética é uma das mais limpas do mundo, contando com 41,2% de fontes renováveis segundo a Empresa de Pesquisa Energética (EPE). A meta nacional é aumentar a participação de renováveis para 45% até 2025.
- Processos Industriais
Representam 7% das emissões de GEE no Brasil. Os processos industriais tendem a ganhar relevância nas emissões nacionais, conforme o desmatamento for diminuindo, e precisamos ter atenção nesse item, pois ter processos que atendam uma economia de baixo carbono é um investimento alto, e as empresas precisam se preparar para isso.
(Dados: Way Carbon)
Agora te mostrarei uma outra fonte de emissões e que muitas vezes causa surpresa nas pessoas:
A fermentação entérica.
Sabe o que é isso?
É um processo digestivo natural que ocorre em animais ruminantes, como gado, ovelhas e cabras, mas deixa muito gás para trás. 18,4% das GEE atualmente é dessa fonte.
E como somos um país de clara tendência para o agronegócio, isso é algo para ser visto sim. E as mudanças nesse setor são de grande desafios pois envolvem melhorias genéticas, e outras tecnologias que ainda não dispomos.
Agora você já sabe muita coisa sobre as GEE, certo? E isso é fundamental para entender o Mercado de Carbono, pois é um sistema de compensações de emissão de carbono ou equivalente de gás de efeito estufa.
O termo crédito de carbono surgiu a partir do Protocolo de Kyoto, elaborado em 1997, com o objetivo de reduzir os danos ambientais provocados pelas atividades humanas.
O protocolo estabeleceu aos países industrializados a meta de redução nos índices de GEE, que estão relacionados ao aquecimento global e outros problemas.
Desta forma, os créditos de carbono simbolizam a não emissão de dióxido de carbono.
Então grandes empresas, governo que sabem já seu gasto carbônico – existem padrões e empresas que fazem esse tipo de medições – e entendem que ele é algo que prejudica seu pilar E dentro da sigla ESG, ou que ainda não está decrescente, como todos os negócios devem buscar, vai atrás de atingir essas metas de redução de gases de efeito estufa (GEE) de algumas maneiras.
- Adquirir os créditos de empresas direcionadas a esse fim, isto é: buscam o plantio, adquirir áreas muito arborizadas, e negociam o ar puro que eles (ou melhor, sempre a natureza) é capaz de fazer.
- Por meio da aquisição de créditos de carbono por empresas que não atingiram suas metas de redução de gases de efeito estufa (GEE), daqueles que reduziram as suas emissões.
Aqui já amplia bastante o mercado. Pois temos tanto empresas direcionadas para isso como as empresas entre si, e mais até pessoa física pode comprar para negociá-los mesmo.
E todos passam pela mesma dificuldade, a regulação do próprio mercado.
Pois na maioria dos países isso está sendo discutido, e não é diferente aqui no Brasil.
Pois quais regras servirão para comprar esses créditos, para vendê-los e outras mais, são questões abertas ainda.
Muitos estão investindo no setor, e ele anda quente mesmo na bolsa de ações, pois ainda é um estranho.
Quem investe em ter uma empresa para o setor setor, cito alguns exemplos mais comuns, pode trabalhar com:
- Projetos de reflorestamento;
- Prevenção do desmatamento;
- Projetos de criação/manutenção de usinas de energia renováveis;
- Uso de fontes de energia alternativas e que não sejam de fontes esgotáveis, como por exemplo, as usinas termelétricas que usam combustíveis fósseis (petróleo, carvão e gás natural).
Dificuldades do Mercado
- Emitir e comprovar os créditos é necessário usar do MDL (Mecanismo de Desenvolvimento Limpo), mas para isso a empresa ou quem for vender precisa ter alguém em sua equipe ou que saiba muito bem como se certificar. Em um mercado de ações, ou no caso crédito, a credibilidade conta muito, como em tudo nos dias de hoje não é mesmo?
- Atualmente não há uma legislação e precificação própria para o mercado de carbono no Brasil, sendo que as transações, quando ocorrem, se dão na maioria das vezes de forma internacional.
Entre 2018 e 2021, por exemplo, esse mercado já valorizou 187%, no que diz respeito às unidades comercializadas pelo Sistema de Comércio de Emissões da União Europeia (EU ETS). E para os próximos anos, a tendência é que os créditos de carbono sejam ainda mais altos em seu valor.
Já sabe qual a sua responsabilidade, enquanto empresa, com a compensação? Fica a pergunta!