Economia Circular
fevereiro 16, 2024
Um novo modelo de pensar e agir economicamente que ajudaria, em parte, nos nossos problemas ambientais e sociais.
Já imaginou isso possível?
Sim existe e já é adotado por empresas e sociedades. E na Europa já está sendo impulsionado por leis.
A chamada também da economia dos R´s!
Para entender porquê falamos de um círculo, o ideal é voltar a nossa própria história, desde que o homem passou a intervir na natureza e a se industrializar.
A economia ela sempre foi linear:
Produção – Venda – Utilização – Descarte
Não se pensava em utilizar o que foi descartado, foi sempre tido como lixo e ponto final. E com isso a industrialização aumentou, e consequentemente, o lixo também. E foi assim por muitas décadas até que em 1989 dois economistas britânicos, David Pearce e Kerry Turner, propuseram esse novo olhar para o nosso modelo de produção: a economia circular.
A produção sai do linear para o circular, pois com a mentalidade de proteção dos recursos naturais e melhorar também a utilização do que, a princípio, seria descartado.
Alguns princípios direcionam esse pensamento:
- diminuir o uso de matéria-prima,
- Focar no uso de insumos duráveis,
- Considerar materiais recicláveis na produção,
- O produto é pensado para que possa ser renovável.
Com esses preceitos a economia passa a ser circular, pois por muitas vezes (ou até sempre) algo que estava na produção anterior estará na próxima.
E com isso o ciclo de vida dos produtos aumentarão o máximo possível.
Porém, estamos com 25 anos da criação do conceito, e ainda com muita dificuldade de introduzi-la na sociedade, isto porque o acúmulo de lixo e resíduos vem aumentando nas últimas décadas exponencialmente e a reciclagem ainda é muito muito baixa no mundo todo.
Aqui no Brasil, estamos falando de apenas 4% de lixo é reciclado por ano.
Os últimos dados que temos disponíveis são de 2022 do estudo “Panorama de Resíduos Sólidos” e nos trazem notícias não animadoras:
Segundo, WWF (ong do setor ambiental) o Brasil é o 4º maior produtor de lixo plástico do mundo, atrás apenas de EUA, da China e da Índia.
O fato de em 2019, o governo brasileiro não aderir a um acordo internacional de combate ao Plástico (um dos piores itens quanto a decomposição) contraria os objetivos instituídos pela Política Nacional de Resíduos Sólidos em 2010, além de impossibilitar a criação de outras políticas públicas que visem à reciclagem e destinação adequada de lixos plásticos. (Fonte: Senado Notícias)
Ter esse título não é nenhum mérito, muito pelo contrário, nos mostra a dificuldade que teremos mais dificuldades pela frente para conseguir uma economia mais circular.
O estudo trouxe ainda dados como de que 94% do lixo reciclado no Brasil é feito por catadores de lixo, mostrando a ineficiência governamental nessa questão.
E também sobre como é essa realidade: a vida dos catadores, a necessidade de formação de cooperativas, de que é até hoje é uma profissão estigmatizada onde poucos querem estar.
Uma das informações mais relevantes:
O Brasileiro gera por ano 343kg/pessoa e a conta é simples quando pensamos que é quase 1 kg lixo por habitante. É muita coisa!!
E para finalizar: um dos grandes problemas brasileiros é dar fim aos lixões a céu aberto. Uma realidade que denigre muito todos que convivem e moram perto deles.
Muita coisa, certo? Precisamos trabalhar nisso! Por isso, encarar esses números é importante e nos traz ainda mais a necessidade de “circularizar” nossa economia.
Muitas ações estão efetivamente sendo iniciadas:
as empresas hoje, por conta de leis ou por propósito estão olhando para dentro de seus processos e para verem o que pode ser melhorado:
- uso eficiente de água,
- parte dos produtos em novos ou outros produtos,
- a logística reversa (retorno do produto ao fabricante que pode definir o melhor uso e o descarte correto),
- compra de produtos em bom estado para serem revendidos, o famoso second hand, entre muitas outras.
Então a solução é possível, e mais uma vez pode ser pensada por todos: tanto as empresas e governos com seus processos como o indivíduos em suas ações.
O mercado de Second Hand já é uma realidade e que produz bons resultados em países como França, Alemanha, e que tem aumentando de visibilidade também: hoje temos grandes grupos de roupas com seus próprios brechós.
Outro exemplo é o das mães/pais que podem vender itens que são muito singulares para a maternidade: acessórios, babá eletrônica, carrinho, berço, e demais.
A realidade da economia circular, traz o pensamento também para o micro, isto é o indivíduo, é o pensar mais…
”Será que esse produto irá ser utilizado outra vez?”
“Preciso mesmo desse super lançamento agora?”
Assim você irá se condicionando, aos poucos, a ter certeza da sua própria necessidade e
não fará compras na impulsividade, o que normalmente leva aquele produto a um “fim de sem uso”, ou descarte mesmo.
Seguindo essa linha temos os chamados R´s: Reduzir, Reciclar e Reutilizar.
Com a chegada do movimento ESG e do olhar pós pandêmico das pessoas para uma compra mais correta e melhor as empresas se viram obrigadas ainda mais a olhar o tema.
O ESG deu vista e importância para toda essa realidade que antes ainda era para poucos.
Hoje temos até eventos pensados de maneira a valorizar a circularidade:
Um exemplo disso foi o Rock N´ Rio de 21 que já foi feito com 100% de aço reciclado da Gerdau. Trazendo, inclusive, muita visibilidade para a marca.
Aconteceu o 3º Fórum do Capitalismo Consciente Brasil de DEZ ANOS no Brasil em 23, onde uma lona (daquelas bem grandes) foi usada para projetar as apresentações.
E a ONG se comprometeu a doação da lona para artesãs que fariam e venderiam bolsas com aquele material.
Juntando a tudo isso entra o pensamento de que a circularidade da economia tende a favorecer todos: desde o gari, o catador de lixo, gigantes como a Gerdau que mostrou ser possível reutilizar, até artesãs. A economia responde sim, muito bem a esse conceito.
Precisamos querer implantá-la, pois motivos não nos faltam.
A utilização abundante e desenfreada de recursos não é mais possível, a degradação da natureza está em seus limites mais ruins.
E uma das coisas que mais melhora é a distribuição de valor entre os Stakeholders.