Economia Circular

Um novo modelo de pensar e agir economicamente que ajudaria, em parte, nos nossos problemas ambientais e sociais. 

Já imaginou isso possível? 

Sim existe e já é adotado por empresas e sociedades.  E na Europa já está sendo impulsionado por leis.

A chamada também da economia dos R´s!

Para entender porquê  falamos de um círculo, o ideal é voltar a nossa própria história, desde que o homem passou a intervir na natureza e a se industrializar.

A economia ela sempre foi linear: 

 

Produção – Venda – Utilização – Descarte 

 

Não se pensava em utilizar o que foi descartado, foi sempre tido como lixo e ponto final. E com isso a industrialização aumentou, e consequentemente, o lixo também. E foi assim por muitas décadas até que em 1989 dois economistas britânicos, David Pearce e Kerry Turner,  propuseram esse novo olhar para o nosso modelo de produção: a economia circular.

 

A produção sai do linear para o circular, pois com a mentalidade de proteção dos recursos naturais e melhorar também a utilização do que, a princípio, seria descartado. 

Alguns princípios direcionam esse pensamento:

 

  • diminuir o uso de matéria-prima,
  • Focar no uso de insumos duráveis,
  • Considerar materiais recicláveis na produção,
  • O produto é pensado para que possa ser renovável.

 

Com esses preceitos a economia passa a ser circular, pois por muitas vezes (ou até sempre) algo que estava na produção anterior estará na próxima. 

E com isso o ciclo de vida dos produtos aumentarão o máximo possível. 

 

Porém, estamos com 25 anos da criação do conceito, e ainda com muita dificuldade de introduzi-la na sociedade, isto porque o acúmulo de lixo e resíduos vem aumentando nas últimas décadas exponencialmente e a reciclagem ainda é muito muito baixa no mundo todo.

Aqui no Brasil, estamos falando de apenas 4% de lixo é reciclado por ano. 

 

Os últimos dados que temos disponíveis são de 2022 do estudo “Panorama de Resíduos Sólidos” e nos trazem notícias não animadoras: 

Segundo, WWF (ong do setor ambiental) o Brasil é o 4º maior produtor de lixo plástico do mundo, atrás apenas de EUA, da China e da Índia. 

O fato de em 2019, o governo brasileiro não aderir a um acordo internacional de combate ao Plástico (um dos piores itens quanto a decomposição) contraria os objetivos instituídos pela Política Nacional de Resíduos Sólidos em 2010, além de impossibilitar a criação de outras políticas públicas que visem à reciclagem e destinação adequada de lixos plásticos. (Fonte: Senado Notícias)

 

Ter esse título não é nenhum mérito, muito pelo contrário, nos mostra a dificuldade que teremos mais dificuldades pela frente para conseguir uma economia mais circular.

 

O estudo trouxe ainda dados como de que 94% do lixo reciclado no Brasil é feito por catadores de lixo, mostrando a ineficiência governamental nessa questão. 

E também sobre como é essa realidade: a vida dos catadores, a necessidade de formação de cooperativas, de que é até hoje é uma profissão estigmatizada onde poucos querem estar. 

 

Uma das informações mais relevantes:

 

O Brasileiro gera por ano 343kg/pessoa e a conta é simples quando pensamos que é quase 1 kg lixo por habitante. É muita coisa!! 

E para finalizar: um dos grandes problemas brasileiros é dar fim aos lixões a céu aberto. Uma realidade que denigre muito todos que convivem e moram perto deles.  

 

Muita coisa, certo? Precisamos trabalhar nisso!  Por isso, encarar esses números é importante e nos traz ainda mais a necessidade de “circularizar” nossa economia.

 

Muitas ações estão efetivamente sendo iniciadas: 

as empresas hoje, por conta de leis ou por propósito estão olhando para dentro de seus processos e para verem o que pode ser melhorado: 

  • uso eficiente de água, 
  • parte dos produtos em novos ou outros produtos, 
  • a logística reversa (retorno do produto ao fabricante que pode definir o melhor uso e o descarte correto), 
  • compra de produtos em bom estado para serem revendidos, o famoso second hand, entre muitas outras. 

 

Então a solução é possível, e mais uma vez pode ser pensada por todos: tanto as empresas e governos com seus processos como o indivíduos em suas ações. 

 

O mercado de Second Hand já é uma realidade e que produz bons resultados em países como França, Alemanha, e que tem aumentando de visibilidade também: hoje temos grandes grupos de roupas com seus próprios brechós. 

Outro exemplo é o das mães/pais que podem vender itens que são muito singulares para a maternidade: acessórios, babá eletrônica, carrinho, berço, e demais.     

 

A realidade da economia circular,  traz o pensamento também para o micro, isto é o indivíduo, é o pensar mais…

”Será que esse produto irá ser utilizado outra vez?” 

“Preciso mesmo desse super lançamento agora?” 

Assim você irá se condicionando, aos poucos, a ter certeza da sua própria necessidade e    

não fará compras na impulsividade, o que normalmente leva aquele produto a um “fim de sem uso”, ou descarte mesmo.

 

Seguindo essa linha temos os chamados R´s: Reduzir, Reciclar e Reutilizar. 

 

Com a chegada do movimento ESG e do olhar pós pandêmico das pessoas para uma compra mais correta e melhor as empresas se viram obrigadas ainda mais a olhar o tema. 

 

O ESG deu vista e importância para toda essa realidade que antes ainda era para poucos.

 

Hoje temos até eventos pensados de maneira a valorizar a circularidade: 

Um exemplo disso foi o Rock N´ Rio de 21 que já foi feito com 100% de aço reciclado da Gerdau. Trazendo, inclusive, muita visibilidade para a marca.

Aconteceu o 3º Fórum do Capitalismo Consciente Brasil de DEZ ANOS no Brasil em 23, onde uma lona (daquelas bem grandes) foi usada para projetar as apresentações. 

E a ONG se comprometeu a doação da lona para artesãs que fariam e venderiam bolsas com aquele material.

Juntando a tudo isso entra o pensamento de que a circularidade da economia tende a favorecer todos: desde o gari, o catador de lixo, gigantes como a Gerdau que mostrou ser possível reutilizar, até artesãs. A economia responde sim, muito bem a esse conceito. 

Precisamos querer implantá-la, pois motivos não nos faltam. 

A utilização abundante e desenfreada de recursos não é mais possível, a degradação da natureza está em seus limites mais ruins.

E uma das coisas que mais melhora é a distribuição de valor entre os Stakeholders.